É importante formular correctamente as questões!
Normalmente a razão que nos leva a usar o Tarot ou alguma arte oracular são questões específicas. Pode ser por estarmos a atravessar uma situação difícil na nossa vida ou uma relação que não é fácil, por termos de tomar uma decisão importante ou apenas por curiosidade.
O Tarot é uma ferramenta que responde às nossas perguntas. A maneira como são colocadas é bastante importante. Uma pergunta bem feita dá aso a uma resposta mais específica. Questões vagas dão respostas vagas ou incompletas.
Há várias formas de perguntar alguma coisa, mas quando o fazemos devemos mostrar que ‘aceitamos a responsabilidade pela situação’.
Por exemplo:
- Devo pôr o meu pai num lar, ou tomar conta dele em minha casa?
- O que preciso de saber para decidir a melhor solução para a vivência do meu pai?
Na primeira pergunta abdicamos da responsabilidade de tomar a decisão. Queremos que as lâminas nos digam o que fazer, e fazêmo-lo quase irresponsavelmente. Na segunda opção pedimos apenas que elas nos dêem mais informação. Sabemos que está nas nossas mãos decidir.
É tentador fazer perguntas como a primeira, mas devemos evitar perguntas que nos livrem da responsabilidade, como aquelas em que a resposta é um simples sim ou não, que perguntem se ‘devemos‘ ou que apenas perguntem se algo acontece.
Assim sendo, que tipo de questões devemos perguntar?
Devem ser sempre de resposta aberta, que deixem espaço para diálogo e explicações. Perguntas começadas com ‘como’ ou ‘o quê’. Por exemplo: “Como posso melhorar a minha relação com…” ou “O que preciso de saber acerca…”. Estas perguntas permitem que o Tarot nos ofereça uma resposta detalhada, que é o que é suposto.
As lâminas gostam de falar.
A pergunta também se deve focar em nós, e não nos outros. É muito tentador perguntar “Em que pensa o meu ex” ou “O que é que o meu patrão pensa de mim?”. Todos queremos saber o desconhecido e entrar na cabeça das outras pessoas. É natural querermos fazer este tipo de perguntas, se soubéssemos o que os outros pensam resolveríamos alguns problemas, saberíamos o que fazer baseado no que as outras pessoas quisessem. No entanto o Tarot não é um leitor de pensamentos e muito menos um resolvedor dos nossos obstáculos. Sim, podemos usar o Tarot para encontrarmos a razão para o comportamento de terceiros, mas é algo puramente especulativo.
Em vez de fazer perguntas centradas no outro, mantenha-se focado em si e formule a questão de forma a que a resposta crie uma acção ou conselho. Em vez de “O que é que o meu patrão pensa de mim?” use “Qual a melhor forma de me apresentar perante o meu patrão?”
Os últimos conselhos são para se manter neutro e positivo!!
Ao manter-se neutro perde interesse no resultado, é fácil começar uma leitura convencido que a sua posição é a certa, mas se quer verdadeiramente receber orientação precisa de estar aberto a diferentes pontos de vista.
Manter-se positivo dá confiança à questão e remove um pensamento derrotista. Por exemplo, temos uma pergunta negativa, que reformulamos para uma positiva.
- Porque é que não consigo superar o meu medo de falar em público?
- Como posso melhorar a minha capacidade de falar para grupos eficazmente?
Se por um lado a primeira solução é válida por ser um ‘porquê‘ e por possibilitarmos às lâminas uma indicação do problema, o objectivo principal da segunda é provocar uma resposta centrada em nós.
O que acontece quando não há questão?
Não se consegue lembrar de uma boa questão para o Tarot? Experimente perguntar-se o que vai na sua mente… se acordou a meio da noite em que estava a pensar ou sonhar? Se, por outro lado, deu por si a vaguear acordado onde terá ido a sua mente? Defina como objectivo algo que desperte a imaginação permitindo que questões mais profundas saiam do seu âmago.
Após ter a pergunta colocada da forma correcta está na hora de activar a questão. Essa parte é mais ritualista, que aparece através da prática e do estudo do Tarot. Não é o suficiente pensar na questão na nossa cabeça porque ela mantém-se interna e privada para nós próprios. Para ela ser válida tem de ser libertada para o universo através dos quatro elementos. Cada um terá a sua forma iniciática de o fazer, e se o não tiver provavelmente algum profissional, professor ou iniciador lho pode ensinar – na Tarosofia Lusitana estamos preparados para o(a) atender com essas e outras questões, aliás é esse o nosso objectivo.
Para terminar, uma dica: devemo-nos sempre focar no que foi perguntado e não vaguear para outras tangências ou assunto que não estejam directamente relacionados. E caso a resposta não faça sentido a sua questão ou focalização não deve ter sido clara. Assim sendo, assegure-se que segue as etapas na criação da sua pergunta, e as lâminas desvendar-lhe-ão a resposta!
1 comentário
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Adorei este texto. Eu uso o oráculo como auto conhecimento, auto ajuda, às vezes faço leituras para pessoas, e aqui esta a minha grande dificuldades. As pessoas querem saber o futuro, querem que o tarot adivinhe, querem saber o que o outro sente por elas, e quando eu entro por este lado de “vamos ver o que sentes por o sujeito” ou vamos perceber qual deve ser a tua postura etc etc – fatalmente as pessaoas dizem: Eu sei o que quero, Eu sei o que faço; eu sei o que sinto; etc etc sempre pedem o tarot como adivinhação. Aqui esta um excelente artigo que explica o que sinto, mas gostava de ler algo me seja mais profundo e dê dicas de como explicar aos consultantes, que isto é que é o importante. Chegam a questionar a validade de saber ler cartas de tarot, se não for como previsão..