DIABO, Décimo Quinto Arcano Maior
Chamam-lhe Diabo (Devil), Baphomet, Loki ou Tentação em vários e diferentes baralhos. p
O Diabo, décimo quinto arcano maior do Tarot, representa a matéria física, as sensações e os desejos carnais. É a imagem do monstro de toda e cada aventura dos contos de fadas: ele possui o tesouro que o herói tanto busca. Somente essa figura bestial pode suscitar o protagonista a fazer valer a sua coragem e independência.
Três personagens são representadas em pé na carta O Diabo. Todos estão nus e são dotados de atributos animais, como asas, chifres e rabo. O personagem central coloca-se em cima de um pedestal, como se comandasse os outros dois, que estão presos por uma corrente. A figura principal representa o diabo, mas não aquele que desprezamos. No tarot ele representa um herói ambíguo, a própria sociedade, aquele experimentou do inferno e resiste chegar ao paraíso. Logo, tem em si o mal e igualmente o bem, por isso orienta os instintos nos dois sentidos.
Aludindo à nossa jornada, a figura demoníaca é um convite para descobrirmos o que existe de pior em nós e transformar em lição e crescimento… alude a tudo o que nos escraviza!
Repare que na imagem do arcano duas pessoas estão acorrentadas ao pedestal em que a criatura se encontra. Podemos tomá-las como duas forças letais ao nosso crescimento pessoal: o medo e a dependência. A partir delas podemos desbravar novos caminhos e tomarmos atitudes prudentes nos piores momentos da vida. Basta querer.
Durante a baixa Idade Média o Diabo era representado frequentemente como um dragão ou uma serpente, imagem derivada sem dúvida de seu papel no Génesis. Por um processo simbiótico – característico da iconografia – Eva e o Diabo fundiram-se com frequência na figura da serpente com cabeça de mulher: isto pode ser visto quase sempre nas ilustrações dos mistérios franceses que falam da Queda. O desenvolvimento antropomórfico, que levou o Diabo a se converter na figura que conhecemos tem sua origem, provavelmente, nas tradições talmúdicas e nas lendas pré-cristãs, segundo as quais a serpente edênica teria tido mãos e pés de homem, membros que perdeu como castigo por sua maldita intervenção no drama do Paraíso, ficando condenada a arrastar-se até o fim dos tempos. É somente no fim do primeiro milénio que o Diabo sofre a mais cruel de suas metamorfoses; a que acabou por transformar o mais formoso dos anjos em sinónimo de abominação e horror.
Este arcano está longe de ser um convite ao mal. Antes disso, ele é um convite à nossa inteireza, à noção de que somos e fazemos o bem ou o mal. Conhecer a nossa própria sombra, portanto, permite constatar que não somos tão inofensivos. Quanto menos reconhecermos o escuro em nós mesmos, mais depositamos no outro o que existe de mais cínico, hipócrita e perverso.
E também desconfie de quem vê a vida com felicidade absoluta. Quem embeleza a tudo e a todos, torna inócuo aquilo que não quer [mas que deveria] ver: as próprias sombras. A tendência em manter o sorriso no rosto em todas as circunstâncias demonstra o quanto a pessoa está desesperada consigo própria. O trabalho com o Diabo do Tarot é justamente esse: perceber e encarar nossas trevas com coragem, em vez de negá-las. Só vence monstros quem assume os seus próprios.
Três personagens estão representados de pé. No meio, sobre um pedestal um demónio com asas e chifres. Abaixo, duas figuras, uma delas feminina e a outra masculina, pequenas e dotadas de atributos animais; estão presas, por uma corda que lhes passa ao pescoço, a um aro que se encontra no centro do pedestal.
Uma mulher e um homem se encontram numa situação desagradável. Ambos estão acorrentados e um aro de ferro fundido preso a um bloco irremovível, que simboliza o obstinado pensamento material. No entanto, as correntes estão tão frouxas no pescoço que eles podem se livrar a qualquer momento. Nenhum deles se interessa pelo outro; nem se olham; cada qual está sozinho, absorto nos próprios pensamentos.
O diabo, acocorado no bloco, aparece com asas de morcego. Ele incorpora o nosso lado obscuro, ou seja, todas as coisas que nós não queremos reconhecer. Os chifres que nascem na testa das duas pessoas significam a presunção de levar demasiadas correntes. E a causa de folhas de parreiras simboliza o apego exagerado ao prazer, enquanto a de fogo chama claramente a atenção para a excessiva proximidade do diabo. O que se mostra é o quanto a dependência limita a nossa liberdade. ç
(mais detalhes no nosso livro Iluminados 78 Vezes disponível brevemente)
Como carta do dia!
Eis a oportunidade para enfrentar os seus vícios e hábitos antigos.
Como Prognóstico!
Quando trazemos luz à escuridão podemos facilmente ver o que está realmente a nos aprisionar e limitar. Se o não fizermos as coisas tenderão e ficar mais densas.
Como análise amorosa!
Sem ser um sinal negativo significa luxúria e intensidade, contudo poderá indicar exageros, vícios e libertinagem.
Como um evento!
Algo vai demonstrar que é provável que esteja a viver uma mentira, talvez imposta por si próprio sem se aperceber.
Como aviso!
Questione-se se o que realmente deseja é vontade sua ou de outros. Tente sempre seguir as suas ideias e cuidado com outras ideias preconcebidas que lhe poderão estar a martirizar ou a impedir atingir os seus objectivos.
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